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segunda-feira, 30 de julho de 2012

APRENDENDO COM O AUTO-PERDÃO
Autoperdão, um bem necessário

O ser humano luta para diferenciar-se e distinguir-se do todo na busca de sentido e reconhecimento de uma identidade própria (Eu), mas o paradoxo é que sofre com a sensação de não fazer parte do todo, de não ser igual aos outros e, portanto, muitas vezes sente-se inferior e inadequado.

Como seres humanos somos todos iguais. Carregamos igualmente a herança genética e psicológica do desenvolvimento filogenético. Portanto, a possibilidade de expressão desta herança é infinita.

O que nos distingue enquanto indivíduos são as proporções com que expressamos esta herança, por isso cada indivíduo é um e único. Em conseqüência disso, nossa vida nada mais é do que a expressão de quem somos.
Se você vive uma vida que você considera não ser boa, veja a sua cota de participação nela e perceba o quanto e como você se posiciona. O quanto você se dá ao direito de expressar o que pensa e o que sente realmente?


 O autoperdão se encaixa aí: na capacidade da auto-aceitação.
 Aceitar que a forma de expressar o ser humano que somos não é certa nem errada e, sim, única.
Autoperdão não tem nada a ver com autocondescência.
Autocondescência tem uma pitada de autopiedade, pois a pessoa se perdoa falando assim: Ah, mas coitado de mim, eu não podia fazer diferente. A culpa é do outro!
Na auto-condescência a culpa por não dar certo determinada situação é do outro. Foi o outro que não facilitou, foi o outro que não teve boa vontade, foi o outro que exigia demais... e por ai vai no seu pseudo autoperdão...
Autoperdão é assumir quem você é: nem melhor nem pior do que ninguém. Não tem julgamento!
Saber que fez o seu melhor naquele momento. Consiste em falar o que sente e o que pensa, porque é realmente o que sente e o que pensa; dando-se ao direito de posicionar-se diante das situações da sua própria vida.
Para que possamos nos compartilhar com o outro e com o mundo precisamos ter uma noção clara de quem somos (autoconsciência) e quais são nossas necessidades físicas, intelectuais, espirituais e psicológicas para que possamos colocar quem somos na forma mais fiel possível e requisitar o que precisamos do meio ambiente e das pessoas.
Por exemplo, se você for possessivo não adianta fazer o tipo liberal porque a pessoa que estiver consigo agirá livremente e você não se sentirá feliz, e, normalmente, terá crises de ciúmes incompreensíveis para o outro, que tem de você uma imagem e um discurso de O liberal.
O contrário também é verdadeiro. Se você é uma pessoa que precisa de liberdade não adianta buscar relacionamentos que exijam grande comprometimento porque, com certeza, se sentirá preso e sufocado pelas exigências óbvias que virão.

Ao perdoar-se, a pessoa pára de exigir de si mesma aquilo que ainda não está pronta para dar, bem como pára de se culpar por algumas bolas fora que dá.
Pára de se auto-exigir e dar ao outro ou para o mundo o que acredita que estão exigindo. É a libertação da ditadura auto-imposta que se acredita vir de fora.


O processo do autoperdão começa tirando-se os deverias e os terias do seu dicionário e cotidiano. É dizer para você mesmo: Eu não tenho que... nada!, Eu não devo fazer... nada!.
Aceitar que têm necessidades físicas, intelectuais e emocionais distintas das dos outros; e mais, aceitar que tem todo o direito de satisfazê-las, desde, é lógico, que não interfira nem invada os direitos do outro.
A ética não se aplica apenas nas relações interpessoais, mas, também, na relação intrapessoal: se você não respeita seus limites nem se perdoa por tê-los, você está sendo antiético consigo mesmo. Como pode haver relacionamentos éticos em sua vida se você não tem consigo mesmo?
Ser diferente é, muitas vezes, percebido como der inferior e inadequado e portanto, muitas vezes, as pessoas se envergonham de quem são.

Por isso usamos máscaras (que Jung chamou de Personas), que consideramos aceitáveis porque queremos se amados e jogamos no fundo de nós mesmos nosso verdadeiro Eu.
Essa atitude leva consigo a auto-estima e o autovalor, pois nunca conseguimos a real satisfação vinda do reconhecimento do outro sobre o nosso Eu verdadeiro, porque o que conseguimos, no máximo, é um feedback, positivo ou negativo, sobre o que mostramos, nossa Persona.
Vem daí a eterna sensação da falta de amor.
Essa sensação de falta de amor não é porque não se tem o amor das pessoas, mas sim porque não se tem auto-amor, pois, por alguma razão, queremos ser perfeitos e não nos perdoamos por não sê-lo. Por isso, autoperdão tem a ver com auto-aceitação.
Autoperdão é viver de bem consigo mesmo.


Algumas pessoas prejudicam outras e pedem perdão, que pode ser aceito ou não; mas há algumas atitudes em que o único prejudicado é você mesmo. Se você vive apontando seu dedo indicador constantemente para seu próprio nariz, cuidado!   
A culpa varia de acordo com crenças e valores que cada um traz consigo desde a infância, e que muitas vezes não corresponde mais aos valores e crenças atuais. Culpa, remorso, arrependimento, são inimigos constantes de algumas pessoas e traz junto a humilhação, vergonha, o medo e a maior conseqüência: a autopunição.
 
Perdoar a si mesmo talvez seja um dos maiores desafios, pois está relacionado com a capacidade - e leia-se também dificuldade - que cada um tem de se amar e se aceitar. As pessoas não se amam por acreditarem terem feito algo muito terrível, às vezes isso até corresponde à verdade, mas muitas vezes não.
Algumas chegam ao máximo de se culparem por terem nascido e sentem-se como um grande fardo. Para compensarem essa rejeição sentida em algum momento de sua vida, passam a vida tentando mostrar aos outros o quanto são úteis, importantes, como que para provarem para si próprias que são merecedoras da vida.

Procure observar se busca aprovação e reconhecimento de pais, amigos, das pessoas em geral, se está sempre à disposição de todos, cedendo em quase tudo, pela necessidade inconsciente de agradar, ser aceito, mas que muitas vezes confunde-se com a desculpa de querer ajudar e que na verdade oculta a busca pelo amor e atenção. 

 O perdão oferece saída para esse círculo vicioso, como uma escolha consciente de mudança. 

 Será que a verdadeira causa está sendo considerada? Do contrário, tudo tende a piorar. Será que essa fome, esse vazio, não seria a necessidade, também inconsciente, de amor? É preciso perceber que a comida não será transformada em afeto, amor, mas apenas em gordura quando consumida de forma descontrolada. Por que não buscar outras fontes de prazer?

Uma maneira de cultivar a culpa é estar sempre exigindo perfeição de si mesmo. A anorexia e bulimia são exemplos disso. Nunca há satisfação consigo mesmo, gerando culpa, insatisfação e uma enorme dificuldade de se perdoar. 
 
 





Tudo que faz poderia ser melhor. Não importa o que faça ou conquiste. Ou o pior, não importa quem se é, parece que nunca é o bastante.











Para se livrar disso tudo faça uma lista de tudo aquilo que você se culpa, aquilo que fez e não fez. Seja honesto consigo mesmo. Depois, pense sobre as motivações que o fizeram fazer certas escolhas, agir de determinada forma e, ao invés de se culpar, punir ou se castigar, comece a lembrar que muitas escolhas foram feitas porque era o melhor que se podia fazer naquele momento e que na verdade, tudo foi avaliado com valores da época e que nem sempre serão os mesmos neste momento. Nunca julgue situações passadas com valores do presente.

Para perdoar-se é preciso rever todas suas crenças, valores, que muitos esquecem que com o tempo podem, e devem, se modificar. Analisar o que fez ou deixou de fazer para poder mudar e crescer é válido, como sentir remorso pela dor que pode ter causado a alguém e pedir perdão. Mas se esse remorso começar a dominar sua vida, estará alimentado seu papel de vítima e a autopiedade. Livre-se disso. Você deve aprender e crescer com a experiência passada e isso não quer dizer se punir eternamente por algo já feito. 

Perdoar a si mesmo exige uma completa honestidade e integridade para que se alcance a cura de tantos males, de tanta falta de amor-próprio. É um processo de reconhecer a verdade, assumir a responsabilidade pelo que fez, aprender com a experiência, reconhecer os sentimentos que motivaram determinados comportamentos, abrir seu coração para si mesmo, ouvir seus medos, curar certas feridas e isso você pode conseguir sendo amoroso e responsável consigo mesmo.  


Você pode e deve se livrar de certos padrões de pensamentos e sentimentos. Mude o que não acredita mais, livre-se de tudo que te faz mal, cure a ferida que mais lhe dói, cure sua vida emocional.

A verdadeira cura é fazer as pazes consigo mesmo. O poder curativo do perdão e do amor talvez seja o remédio mais poderoso que temos. E está nas mãos de cada um de nós. E você pode começar com você mesmo!

Fonte: Cyber Diet
 "Se guardar mágoas e alimentar sentimentos de vingança permitem ilusões como a de que somos perfeitos, perdoar leva à libertação "
 
Maria Helena Matarazzo

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